quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Entrevista - Jorge Eduardo França Mosquera


Jorge Eduardo França Mosquera se formou em jornalismo pela UFPR e em direito pela UniBrasil. Possui pós graduação, em nível de especialização, em sociologia política também pela UFPR. O profissional passou por todas as redações de Curitiba, mais rádio e TV. Com uma carreira extensa, ampla e muito boa, hoje o jornalista está em um projeto novo no qual faz jornalismo online sem patrão, o A Gralha. "A Gralha" é o primeiro jornal paranaense desenvolvido exclusivamente para a internet. Os responsáveis pelo jornal são:  Ana Cecília Pontes de Souza, Julio Tarnowski Junior, Leandro Taques e Jorge Eduardo França Mosquera. No qual, Jorge Eduardo França Mosquera concedeu a entrevista de hoje para falar um pouco sobre jornalismo online e seus desafios. 

Juventude Apurada: A ideia do site em si, é de fazer um jornalismo sem patrão. Vocês são: Ana Cecília Pontes de Souza, Julio Tarnowski Junior, Leandro Taques e o senhor. De quem exatamente partiu a ideia de fazer um tipo de jornalismo livre? Por quê?


Jorge Eduardo França Mosquera: Como os demais, tenho por berço o jornal impresso. E é sonho de todo jornalista ter um dia o seu jornal, não? Pois a internet nos dá essa oportunidade, e o custo é bem menor. Não gastamos com gráfica, distribuição, comissão do jornaleiro, etc. E é muito bom ser patrão de si mesmo.Fazemos um jornalismo livre, sim, mas coberto de responsabilidades. Se formos processados, estaremos quebrados. 

Juventude Apurada: Quais as vantagens e desvantagens de se fazer um trabalho diferenciado como esse?

Jorge Eduardo França Mosquera: Como A Gralha não é um portal de notícias em tempo real, mas um jornal eletrônico, não temos pressa em fazer as atualizações.A maior desvantagem, creio, é sermos de um veículo ainda pouco conhecido. Com o tempo vamos superando.De resto, não é um trabalho tão diferenciado assim. Apuramos as notícias, redigimos e editamos como um jornal convencional.

Juventude Apurada: Quais as maiores dificuldades para o senhor, em especial nesse grupo, que tem encontrado até agora?

Jorge Eduardo França Mosquera: Falta de dinheiro, proveniente dos anúncios que ainda não temos, para podermos contratar uma boa equipe de reportagem.

Juventude Apurada: Se vocês são sem patrão, quem paga o salário de vocês? Como vocês recebem?

Jorge Eduardo França Mosquera: Ninguém tem salário. E como ainda estamos sem anúncios (o jornal tem apenas sete meses de vida), nada recebemos. Talvez por isso alguns sócios estejam meio afastados. Com o tempo vamos superar essa dificuldade.

Juventude Apurada: E funcionários? Vocês têm? Há mais pessoas trabalhando com vocês e auxiliando?

Jorge Eduardo França Mosquera: Não. Só temos colaboradores voluntários. Valério Fabris, diretor-presidente da Rádio Inconfidência de Belo Horizonte; Dirceu Pio, consultor de comunicação em São Paulo; Rodrigo Morosini, crítico de cinema, aqui de Curitiba, que também produz matérias de automobilismo; Gustavo Kipper, publicitário que escreve sobre MMA; Emerson Cervi, professor de ciência política da UFPR; Aroldo Murá, professor e jornalista; Zé Beto, o blogueiro mais famoso da cidade; Maringas Maciel, fotógrafo. E outros poucos, mas todos muito bons.

Juventude ApuradaQuais as formas de apuração utilizadas para o site? Quais as táticas de confiabilidade que você, como jornalista, utiliza? 

Jorge Eduardo França Mosquera: As mesmas que se usa em qualquer veículo. A única diferença, e isso é importante, é que, por sermos um jornal eletrônico, eventuais mancadas podem ser corrigidas instantaneamente, logo que percebidas. Temos erratas em tempo real.

Juventude Apurada: Vocês trabalham com um conteúdo divulgado apenas na internet. E na hora da apuração, teriam matérias publicadas em que foi usada apenas a internet para apurar as informações?

Jorge Eduardo França Mosquera: Muitas. Um de nossos papeis é integrar sites e blogs confiáveis, todos de tom marcadamente progressista. Obviamente, citamos a fonte.

Juventude Apurada: Os jornalistas estão cada vez mais dependentes das fontes, já que, testemunham menos os fatos e estão menos presentes nos casos ocorridos devido a ficarem mais na redação. Como lidar com fontes que muitas vezes tem seus interesses próprios e por isso está passando a informação? 

Jorge Eduardo França Mosquera: Recusamos, sempre educadamente, fontes que defendem interesses que não seja o interesse público.

Juventude Apurada: A internet, principalmente hoje, gira em torno da rapidez e agilidade. Já teve que publicar algo que não tinha muita certeza para não perder a informação ali no momento?
 
Jorge Eduardo França Mosquera: Nunca. Não temos pressa. Mas já furamos portais de peso algumas vezes.

Juventude Apurada: Por que a decisão de publicar os conteúdos na internet? E não, por exemplo, no impresso? O senhor acredita no fim do impresso?  Que ele possa não ter mais espaço daqui algum tempo?

Jorge Eduardo França Mosquera: O impresso não acabou. Para nós, a internet é quase de graça. Quando A Gralha se viabilizar financeiramente, terá uma edição de final de semana, com noticiário consolidado e muitas matérias mais aprofundadas.

Juventude Apurada: E para finalizar, que conselhos o senhor daria para jovens jornalistas hoje que estão iniciando? E para jornalistas que queiram seguir a carreira em um jornalismo autônomo e sem patrão? 

Jorge Eduardo França Mosquera: Não deixar de ler nunca, até bula de remédio. Procurar entender um pouco de direito constitucional e uma ou duas línguas estrangeiras. Estar atento o tempo todo. Alimentar as fontes e não ter amigos. Nessa atividade é muito perigoso. E não ter vergonha de visitar possíveis clientes, já que vai ser patrão, dono do empreendimento.

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